Roriz Pindo e suas « gentes »

         

O topónimo deverá ser proveniente do nome pessoal Pinidus. O nome geográfico alude, à propriedade de um Pínido na alta Idade Média. Outros topónimos desta freguesia aludem também ao mesmo facto, como os de Róriz, que indicia a origem numa “vila” de Rodoricus, ou de Pepim, de um Pepinus.

Este último lugar, despovoado desde há séculos — o pároco de 1758 já o não menciona — era habitado ainda nos meados do séc. XIII. Constituía então uma “vila” rústica foreira de cavalaria. Menos importantes eram as povoações actuais de Pindo de Baixo, Pindo de Cima e Oliveira. É crível que população dos Pindos aumentasse com o despovoamento de Pepim. Na zona da atual povoação de Róriz existia, no século XIII, uma fogueira denominada Telhado — a qual, no século XVIII, constituía a quinta deste nome. S. Martinho de Pindo foi uma das mais remotas freguesias da terra”, distrito ou julgado de Penalva. Os seus paroquianos é que presentavam, na Idade Média, a igreja; todavia, era no séc. XVIII do padroado real, como está referido na “memória” do Pe. Manuel Ferreira, em 1758, e o Rei apresentava o vigário, mas pagava-lhe então o conde de Cocolim.

Segundo o relatório do pároco, a freguesia possuía então as seguintes capelas ou ermidas : Espírito Santo (no Encoberto), Nossa Senhora da Expectação (Corga), Santo Amaro (Corga), Santo António (Casal Diz), Santa Bárbara (Róriz) , a nossa Senhora da Assunção (Roriz), S. João Baptista (Vila Garcia, com irmandade), Santa Maria e Santa Catarina (em Santa Eulália), S. Sebastião e a nossa Senhora da Ribeira, fora dos povos. Quanto a algumas destas ermidas, a da nossa Senhora da Assunção, em Roriz, diz-se fundada cerca de 1650 por D. Maria de Albuquerque, nas suas casas, pois foi particular; a de Nossa Senhora da Expectação, na Corga, foi edificada por volta de 1585, por Gonçalo Peres, de Tavares — diz-se que em substituição de outra, mais antiga; e assim também a da nossa Senhora da Ribeira substituira outra.

Consta que junto à Capela de Nossa Senhora da Expectação existiu um recolhimento de “merceeiras”, nomeadas pelo bispo, mas o pároco de 1758 nem sequer se refere ao caso, informando unicamente que esta ermida possuía dois capelães, obrigados a missa quotidiana e apresentados pelo prelado de Viseu.

No séc. XVIII, esta freguesia “não tem termo seu, está sita em prazos do conde de Cocolim ”, apesar de ser do concelho de Penalva, “que tem juízes ordinários feitos pelo conde de Tarouca”, donatário da terra.

A paróquia inicial de S. Martinho de Pindo era muito mais extensa, pois estendia-se desde a de Povolide , ao sul, à de Rio de Moinhos, ao norte, compreendida a oriente e poente, respectivamente , pelo rio Coja e pelos montes de Pindo e as suas ramificações. Abrangia, portanto, a actual freguesia de Lusinde.

Em breve percurso pelos lugares da freguesia de Pindo, começe-se por Ponte Nova, junto à ponte do rio Dão. A Quinta da Vinha é um pequeno lugar na margem direita do Dão, e a foz da ribeira de Coja e Ermida da Senhora da Ribeira um espaço convidativo à contemplação paisagística.

No percurso para Jadão temos uma estrada de terra batida, em mau estado, que segue à direita da albufeira da barragem de Fagilde que abastece de água o concelho de Viseu. Moinhos de Pepim é uma aldeia alcandorada sobre a margem esquerda da ribeira de Coja , com construções características, o que já não acontece em Casal Diz, espaço agrícola dominado pela vinha cuidadosamente tratada.

Em Gestal vivem apenas oito famílias e em Pindo de Baixo tem interesse histórico e arquitectónico uma pequena elevação em cujo cume se encontra o conjunto da igreja, cemitério e habitação paroquial.

O lugar de Corga tem crescido e na encosta de Encoberta desfruta-se de bela vista panorâmica sobre o vale do Dão e albufeira de Fagilde. De referir em Pindo de Cima a casa solarenga com brasão (Augusto Pina de lbuquerque) com qualidade arquitectónica, mas em estado degradado. Em Róriz, o crescimento tem sido desordenado e de má qualidade arquitectónica.

Em Oliveira vivem cerca de 14 famílias e a povoação de Vila Garcia é constituída por dois núcleos. A povoação de Santa Eulália é algo incaracterística e o mesmo acontece com o lugar da Quinta da Regada da Pedra, que se desenvolve em continuidade com Roriz.